Todos nós sofremos. Mas pode ser que, em determinado momento, nos encontremos diante de um grande sofrimento que incomoda de um jeito diferente, que de alguma forma nos paralisa e limita a vida. Sentimos que é algo que se repete e não conseguimos compreender; ou mesmo que o simples fato de reconhecer esse sofrimento não é o suficiente para muda-lo. Por vezes, sequer podemos localizar de onde ao certo essa angústia vem.
Sentir-se assim pode ser um indicativo de que vale a pena começar um atendimento em psicanálise. Mas o que seria, exatamente, fazer análise? Diz-se que é uma experiência que só pode mesmo ser entendida quando de fato a vivenciamos. O que é muito verdadeiro, mas uma resposta um tanto insatisfatória para quem está interessado em começar a fazer uma análise.
Podemos, sim, dizer um pouco mais. Trata-se de ocupar um tempo para pensar sobre uma pessoa muito especial: nós mesmos. Há quem não conheça o processo e pense que é só “uma conversa”, que se pode fazer isso com um amigo querido, com um bom livro, ou até mesmo consigo mesmo. Mas a análise não é isso.
Às vezes não precisamos de alguém que nos diga o que fazer, que nos dê conselhos baseados na sua vida, que nos console ou nos recrimine. Às vezes precisamos de alguém que realmente nos escute e que dê espaço para a nossa experiência. Alguém que possa nos enxergar e ouvir, de um jeito diferente. Dentro de uma sessão de análise não há certo ou errado, não há julgamentos morais.
A experiência vivenciada nos encontros com o analista nos possibilita a construção de um autoconhecimento, passamos a enxergar aquilo já tão sabido, de uma forma diferente. Temos a oportunidade de compreender nossa forma singular de ver o mundo e de nos relacionar com ele. Nos deparamos com a pessoa que fomos, somos e a que queremos ser. Mas por que isso pode ser tão transformador? Estamos buscando o que realmente queremos?
Descobrir pelo que sofremos e o que de fato desejamos permite reposicionamentos mais certeiros na vida, porque passamos a escolher com propriedade e não por necessidade. Como diz a psicanalista Silvia Bleichmar: “Não há, talvez, dano maior a vida humana (exceto a morte) que o seu desperdício”.
Através do tratamento psicanalítico podemos alcançar maior autonomia na nossa vida. Não se trata de um processo de normatização e de pôr fim a todos os nossos conflitos, mas de rearranjarmos nossa história para que possamos chegar o mais longe que podemos na vida a partir do que nós somos. Isso nos leva a um grau maior de liberdade, passamos a estar menos constrangidos pelos nossos sintomas.
Entrar em contato com nossos sofrimentos, acompanhado de um analista, não vem a ser necessariamente um processo penoso (pois é fato que a análise toca em questões importantes e que, muitas vezes, angustiam), e pode ser algo extremamente interessante.
Sim, desde que compreendamos a cura como uma transformação em algo novo e não um retorno ao que era antes. A elaboração põe fim à repetição. Promove-se, no decorrer de uma análise, um enriquecimento da vida e o desenvolvimento de recursos pessoais que permanecerão e possibilitarão que, depois, possamos levar a empreitada toda adiante, por nossa própria conta.
Quando devo começar? Quais os indicativos?
Entrar em contato com nossos sofrimentos, acompanhado de um analista, não vem a ser necessariamente um processo penoso (pois é fato que a análise toca em questões importantes e que, muitas vezes, angustiam) e pode ser algo extremamente interessante.
Entenda como a Psicanálise propõe a cura.
Entenda a a diferença entre Psicanálise, Psicologia e Psiquiatria. No final, falo sobre um tema que é dúvida para muitos que desejam iniciar a análise: o sigilo! Como fica o sigilo no processo psicanalítico?